Aquela que te interessou no início era uma utopia.
A que fez trabalhos interessantes, escreveu umas coisas com sentido, conheceu pessoas singulares, foi a lugares incomuns, que ouviu os teus desabafos, que teve um mundo virtual de seguidores e uma quantidade enorme de conhecidos que lhe diziam olá a cada virar de esquina...
Descobriste que afinal era alguém comum, com medos e dúvidas, que baixava os olhos à passagem dos outros por timidez, se refugiava no trabalho para combater a tristeza.
De cada vez que se mostrava um pouco a ti, a surpresa pela incoerência entre a imagem que criaste e a que estava à tua frente fazia-te atacar ou fugir até, mesmo quando ela sempre precisou mais de um abraço vindo de ti do que de uma chamada de atenção... já se martirizava demais para a fazeres sentir ainda mais culpada sem razão ao invés de a fazeres sorrir com o teu olhar.
Nem reparaste o quanto se anulava, se calava, se debatia a cada dia para conseguir olhar o mundo de frente para que a pudessem aceitar, inventava forças do nada para não baixar os braços, não reparaste nem quiseste saber toda a batalha por que passava a cada momento para fazer tudo o que te maravilhou de início.
Perdeste o fascínio inicial por estares cego a veres nessa sua luta diária a fonte e razão de ser e fazer tudo aquilo que te atraiu de início.
Ela deixou simplesmente de ser interessante para ti e deixou de te maravilhar.
Já não te interessa.
Dispensas-te-a.
Mas aprendeste alguma coisa com a passagem dela pela tua vida?